quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

Mais filhos do que mãos

Disputa pelo colo, pelo braço e pelo abraço
Antigamente eram comuns os casais que tinham dez, quinze e até vinte filhos. Sem a televisão, sem os métodos anticoncepcionais e quase nenhuma informação, poucos conseguiam parar no primeiro ou segundo rebento por opção. 

Hoje, mãe de duas e à espera de um terceiro (a) fico intrigada imaginando a dinâmica de um casal com dez filhos. Como seria dar banho em meia dúzia? E quando todos resolvem falar ao mesmo tempo, o que fazer? Megafone? Imagine quantas noites inteiras o pai e a mãe tem por ano (pouquíssimas, é claro) com tanta criança se revezando em viroses e medo do escuro. É preciso ter muita coragem para botar tanta gente no mundo.


Tá certo que eu nunca fui capaz de entender os casais que decidem não ter filhos. E hoje (só depois de ter duas crianças) fui capaz de compreender o desejo de pais e mães que, conscientemente, planejam a terceira ou a quarta gravidez. Acontece uma coisa inesperada. Quando a gente tem o segundo filho se descobre capaz de amar mais do imaginava ser possível. E a vida fica tão melhor que dá vontade de ter mais um, e mais um, e mais um. Mas aí a gente pensa racionalmente e pára.


O terceiro filho representa mais que o terceiro dependente no plano de saúde ou mais um lugar à mesa de jantar: o terceiro filho não cabe em carros populares (não há espaço para instalar três cadeirinhas), nem em boa parte dos apartamentos (com três quartos, o dos pais e mais dois, para duas crianças) ou no bolso dos pais (a maioria das escolas particulares dá 10% de desconto na mensalidade do segundo filho e a partir do terceiro, apenas 5%).


Mesmo assim, e diante de qualquer outro argumento que possa surgir, eu lhe digo com toda pureza da minha alma: um é pouco, dois é bom e três... é ótimo!!! Se a despesa vem em triplo, o amor, os abraços, os afagos, as surpresas, as satisfações e as alegrias também vem em progressão geométrica. Muito em breve, poderei dizer faço parte do seleto grupo de pessoas que optaram em ter mais filhos do que mãos.
Toda beleza e sex appeal das minhas crias

quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

Tem coisa melhor do mundo que filho em estreia???

Expectativa para o início da primeira aula de natação

Este ano tem sido de muitas novidades para todos. O primeiro dia de aula das crias já foi um sucesso. Luiza se familiarizou imediatamente com o novo ambiente, rotina e professoras. (É bem verdade que o fato de quatro de suas amiguinhas terem ido para a mesma escola ajudou e muito neste processo) mas, ainda assim, não se pode negar que é uma novidade. Já Clarinha estava muito bem socializada, desde que estivesse atracada em mim.
Depois de uma semana chegando atrasada no trabalho para acompanhar o período de adaptação delas, era chegada a hora de cada uma iniciar o processo do desapego e aprender que existe vida atém da mãe. E tem sido assim... uma experiência incrível, rica e feliz. Esses primeiros dias na escola têm sido permeados de atividades curriculares, até então inusitadas nas suas fichas escolares. Entre outras coisas elas estão aprendendo a ter responsabilidade. Sobretudo Luiza, que passa a ter aulas de natação e dança, incluídas na matrícula (isso não é fantástico???).
Pois é, e o primeiro dia da natação foi animado. Coloquei maiô nas duas, comprei toucas vermelhas, providenciei roupão e ainda atordoada de sono, preparei um kit para o banho pós-aula e ainda lembrei das calcinhas e de acrescentar maus uma farda na mochila. Ok. Esqueci os chinelos e o pente de cabelo, mas nada que pezinhos descalços e a escova emprestada da amiguinha não resolvessem.
Já chegou avisando aos navegantes que  ia “para piscina com as amigas”. Clarinha, foi barrada no baile. A coordenadora da escola veio conversar comigo e explicou que a natação é uma atividade permitida apenas para crianças a partir dos dois anos. Então minha caçulinha foi para sua salinha e nem teve chance de lamentar. Lulu, por sua vez, estava radiante. Embora não tenha cedido aos apelos da mãe e das professoras em colocar a touca de borracha. 
Era a única rebelde de coqueirinho no cabelo. Também foi a única que entrou no barco inflável e se recusou a sair. Não. Não foi por histeria ou chilique. Ela pediu com jeitinho e o professor consentiu. 
Afinal, aquele era apenas o primeiro contato daquelas cinco crianças com aqueles três monitores. Era a primeira vez que elas estariam sozinhas sem um dos pais naquela piscina gelada, em plenas 8h da matina.
Mais uma experiência especial e cheia de histórias para contar e registrar!

A tortura moral dos deveres de casa


Luiza já sabe que ao chegar deverá produzir deveres de casa ( que aliás, ela adora e nunca se contenta com a simplicidade e agilidade com que faz suas tarefas). Diga-se de passagem, esses tais deveres de casa tem sido verdadeiros objeto de tortura moral, já que eu tenho tido dificuldade de acompanha-la nesta atividade. E por vezes me penalizo e lamento.
Já fiz autoanalise, aliás esse é um exercício diário, e estou consciente de que não se trata de uma questão de prioridade e organização do tempo pessoal. Porque uma pessoa que trabalha em dois empregos, além de responder por uma empresa de Assessoria de Comunicação, é mulher, precisa se dedicar ao marido e faz questão de levar e buscar filhas na escola, fazer as refeições correndo só para ter o prazer de estar junto, sobretudo almoçar junto, e que diariamente corre para chegar em casa em tempo hábil para colocá-las para dormir ( isso rende outro post nesse blog)... não, essa pessoa não pode ter um juízo perfeito e fazer ainda fazer todos os dias os deveres de casa de sua primogênita.
Mesmo com esse ritmo corrido, não por opção, mas por necessidade, sinto que estou conseguindo contribuir para que elas saibam a cada minuto que podem contar comigo, sempre. Não abro mão de participar dos eventos escolares, ainda que isso represente o sacrifício de parte do meu horário de trabalho. Porque mesmo gostando de trabalhar e das recompensas que ele me dá, nada se compara ao regozijo de ver suas filhas confiantes, dando um lépido e faceiro tchauzinho em meio aos seus amiguinhos. E é assim que eu cresço e me fortaleço para cumprir com as minhas atividades, é assim que diariamente me sinto ainda mais orgulhosa do meu papel de mãe.

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

Tenho Luiza, não preciso de psicólogo!

Luiza é assim... curiosa, falante e vive me surpreendendo com novas palavras, frases e expressões bem peculiares. Ela já ouviu um desabafo saudoso de minha mãe e a consolou com um:  - Não esquenta, vovó, ela chega já.....
Na escola também vive confortando os coleguinhas que tem dificuldade de adaptação:
- Não precisa chorar, sua mãe foi ‘tabaiá’, mas ela volta mais tarde....
E eu, mãe orgulhosa, adoro ouvir a forma como se expressa para as pessoas, como enxerga a vida, e melhor, como a exerce com maestria, dando uma verdadeira aula para todos.
Este final de semana, Luiza me pediu para almoçar sozinha, ou seja, sem que ninguém segurasse seu garfinho. Pediu mais: para comer assistindo seu desenho preferido que passava naquele momento. Concordei, embora com restrições, e permiti que ela fosse com seu pratinho almoçar no quarto da televisão.
Quanto terminei, fui ver o resultado da minha permissividade. Luiza estava toda suja de molho de macarrão.  O chão e o sofá tomados de farelos da comida, se é que podemos chamar arroz, macarrão e feijão de farelos.
Imediatamente, me lançou um sorriso e disse: - Já acabei, vamos montar agora meu quebra-cabeça das princesas?
- Claro que não Luiza. Você não comeu nada e sujou tudo. Vai agora terminar de comer direito, limpar essa sujeira e tomar um banho.
Aquele pingo de gente me implorou para brincar com ela. Continuei irredutível. Então ela saiu correndo pela casa, chorando extremamente chateada.
Furiosa, respondi com um não seco e fui limpar toda a meleira.
Enquanto isso, Luiza se escondeu atrás da poltrona da sala e fez número um... número dois... e , insatisfeita, continuou chorando pela casa, registrando para o pai suas queixas a meu respeito.
Já impaciente – porque também sou filha de Deus – fui dar banho nela e reclamei sobre o fato de não ter pedido para ir ao banheiro. Já que ela já deixou as fraldas durante o dia e sabe exatamente onde se deve fazer suas necessidades fisiológicas.
Chorou mais um pouco... baixou a cabeça e me disse:
- Mamãe, desculpe, eu não queria fazer coisa errada.... (e continuou) eu não quero que você fique chateada...eu só fiz isso porque você não quis brincar comigo de quebra-cabeça, e você não me deixou explicar porque eu fiz no meu prato uma montanha com uma casa na floresta. 
 (hãn???? Aquela sujeira era isso????)
 Obrigada Lulu. Graças a você, eu não preciso de psicólogo para saber como devo agir!

Vamos ao novo momento

Luiza entrou na creche com pouco mais de 4 meses. Foi doloroso ter que ir trabalhar e deixar aquele pedacinho de mim. 
Era a primeira vez que ela passaria uma tarde sem a minha companhia e isso estava ficando cada vez pior, já que eu tinha que voltar a trabalhar também no turno da manhã. 
No primeiro dia saí chorando, no segundo dia saí angustiada, no terceiro dia saí confiante. E, dali para frente, construí com a creche Primeiros Passos – e com as suas tias –  uma relação de conforto e segurança que eu não tinha com mais ninguém.  
 Por diversas vezes precisei ir à noite para algum evento de trabalho e tive que levar meu pacotinho. Sonolenta, chorosa, espevitada, com dor nos dentinhos, ou como estivesse. (E olha que a exploração do trabalho infantil é crime). Nem deu tempo de experimentar esta fase e descobri a gravidez de Clarinha. A partir dali precisei de uma babá que funcionasse full time, alguém que pudesse contar e acima de tudo confiar.
Deus em enviou Joana, que Luiza logo batizou de 'Ina'. Ela reunia todas as características que eu nem poderia sonhar: organizada, cuidadosa, jeitosa, paciente, calma, educada, disponível para viagens, solteira, sem filhos, com quase dez anos de experiência no ramo.  Tá bom ou quer mais??? Chegou antes de Clarinha nascer, passou quase dois anos comigo e está saindo bem antes do que eu gostaria, mas sua demissão tem uma justa causa: quer constituir família, quer casar, quer ser feliz.
Confesso que fiquei tão sem chão com a notícia que nem consegui desejar felicidades, sucesso na nova empreitada. Cheguei a chorar – escondido, é claro. Elenquei duas candidatas ao cargo mais importante da minha casa e elegi Tássia. Com 18 anos, carinha de 14, nenhuma experiencia com crianças,  mas muita disposição e vontade de agradar. Outra vantagem: Luiza e Clara pensam que ela tem a mesma idade, que é amiguinha contemporânea. Isso tem facilitado as coisas.
No meio deste turbilhão, começaram as aulas na escola. Clarinha com 1 ano de seis meses, Luiza com 2 anos de 11 meses. Ambas felizes com a nova escola embora para Clara tenha sido mais difícil o desapego na despedida da mamãe. Estou agora recomeçando este processo de entrega, confiança, tranqüilidade, segurança e qualidade que tinha com a creche e transferindo isso para a escola nova. E acho que estou conseguindo, aprendendo talvez.  
Meu desejo no momento da procura da escola ideal é que minhas filhas não fossem só mais uma no meio da multidão. Queria que tivessem suas identidades preservadas, respeitadas.  E foi exatamente isso que encontrei. 
Mudou a escola, mudaram as professoras, mudaram os hábitos, o horário de acordar, o horário de dormir, o caminho que fazem todos os dias. Sim elas já reconheciam o trajeto e afirmavam: - Mamãe, olha está chegando!
Para mim também mudou muita coisa: minha percepção sobre as crias, minha rotina, minhas preocupações, meu horário de chegar ao trabalho, meu horário de almoçar e uma certeza inabalável de que elas estão crescendo e que nada será como antes. Agora um novo horizonte aponta para cada uma de nós.

A despedida


Nem toda partida necessita de uma despedida.  Mas desta vez era necessário que fosse assim. As crias ficaram na creche até dia 27 de janeiro de 2012 e resolvi fazer uma prévia do aniversário  de Lulu. 
Era na verdade um pretexto para confraternizar com os coleguinhas que conviveram juntos por pelo menos 2 anos e meio e aproveitar o momento para Clarinha também.
O cardápio era restrito: bolo, brigadeiro e pãozinho. Por isso resolvi diversificar com algumas modalidades do doce: no copinho, enroladinhos, cobertos de confete,  na bisnaga, no palito, etc. Ah, também acrescentei alguns bem casados, que entraram na categoria pão ou bolo.
A festa foi o máximo, cheia de afeto e alegria. A inocência de que era uma despedida  também não deixou a tristeza chegar nem perto.
Muitos pais foram buscar seus filhotes no final do dia com lágrimas nos olhos. Era chegado o momento da partida, da separação, de re-começar. 
Não costumo chorar nessas ocasiões e apostei que sairia ilesa deste evento. Mas ao finalizar a assepsia da mesa de doces, Elisa (dona da creche) veio até mim com a caixa organizadora contendo: mamadeiras usadas, fraldinhas de tecido, lençóis de berço e todos os outros itens que fora solicitados no seu ingresso. Aí, sim... fui vencida. Deixei uma lágrima escapar pelo canto nos olhos e saí antes que caíssem as demais.
Regressei até primeiro dia de aula e como não poderia ser diferente me dei conta de que aquela era mais uma fase vencida, uma etapa que me levaria para outros desafios, por outros caminhos, não menos emocionantes.
Como procuro ser sempre 100% positiva, preferi pensar que as despedidas são necessárias para os reencontros. E um reencontro - depois de um momento ou depois de uma vida inteira - é algo inevitável se é isso que o destino  lhe reserva. Afinal, quem nunca reencontrou um amigo de longa data e tudo foi exatamente como era?

quarta-feira, 3 de agosto de 2011

Lingüística aflorada

E aí que Luiza com dois anos meio recém completados não pára a matraca. Sua espontaneidade,  naturalidade e comunicação têm dado sinais claros de evolução e a mocinha está cada dia mais extrovertida e conversadeira. A caminho do oceanário pegamos um táxi. Eu, Luiza, Clara e Ina (babá). Assim que entramos :
–Ei moço, como ‘xeu nome’?
Silencio. Ele achou que não era com ele...
– Mo-çooooooo, tô falando com você!!!
O rapaz olhou ao retrovisor e sorriu respondendo:
– Oi! amiguinha, meu nome é Porfírio.
(também... que nome foi esse?)
– ‘PÔ-FI-LO’????, exclamou a curiosa menina enquanto caiu aos risos.
– Háháhá, achou engraçado meu nome né?
– ‘Engaçado’ não. É esquisito! ‘Num viu mamãe’?
  (E me restou a cara de paisagem)
*_*_*_*

Chegando na região dos lagos na orla de Atalaia, apontei:
– Olha Lulu, os patinhos ali.
A senhorita em questão saiu correndo em direção às aves e chamou:
– Patinhooooooo, ‘olhe pá mim’, Patinhoooooooo
Não contente com os decibéis acima de média permitida para a saúde humana, ela ainda pulava e abanava os braços)
Um casal, visivelmente fantasiado de turista, achava graça e vinha em sua direção
– Olha, que lindinha...
– Ô moça, você num viu o patinho???
– Vi sim.
– Chame ele pá mim. Diga pá ele que é Lulu!
Quanta auto-confiança essa minha filha!
*_*_*_*

O arremate final foi na hora de chegar em casa. Eu e Luiza subimos o elevador com uma senhora que mora no andar de cima.
– Você vai compá pão? (indagou logo que a nova passageira entrou)
Aliás, Luiza sempre foi fissurada em pão, mas recentemente qualquer trocada de roupas para ela tem o destino certo da delicatessen mais próxima
– Não. Vou buscar uma encomenda. (respondeu a simpática senhorinha)
– É eu ‘goto’ de pão com ‘queixo’
( e continuou)
– Minha mãe num compou pão, ela só compou biscoito
OK, Lulu! Eu bem que podia dormir sem essa....